top of page

Colossenses 1 - Cristo em vós, a Esperança da Glória


(v. 1 - 2) - As introduções das cartas nos ensinam muita coisa. Por exemplo: nota-se que nas igrejas que haviam algum tipo de problema doutrinário e de divisão, Paulo sempre saudava aos irmãos apropriando-se do seu ofício de apóstolo. As epístolas, portanto, de Filipenses e 1 e 2 Tessalonicenses, que não apresentam problemas muito profundos, e que não há um risco doutrinário para a igreja destinatário da carta, Paulo apenas se apresenta como servo ou nem dá seu título. No entanto, carta para os efésios, romanos, coríntios, como também aos colossenses, que eram igrejas que apresentavam problemas e principalmente riscos ao evangelho pregado pelos apóstolos, Paulo imediatamente na saudação da carta, faz menção à sua autoridade. Desta forma, quando a congregação ouvisse o leitor da carta dizendo que “Eu, Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, escrevo esta carta [...]”, era nítido para todos que Paulo tem autoridade para exortá-los e alertá-los dos problemas que ele exporia na carta. Paulo cita também Timóteo de modo que mostre que, diferente dos gnósticos, Paulo inclui as pessoas como participantes do seu ensino. O apóstolo, portanto, não elabora sua mensagem sozinho, mas chama seus colaboradores para pensar e escrever junto com ele.

O destino da carta foi “aos irmãos fiéis em Cristo, o povo santo da cidade de Colossos”. Paulo destina a carta aos irmãos que estavam firmes e não se renderam aos falsos ensinos, em busca de resguardá-los.


(v. 3 - 14) - Até o verso 8, Paulo mostra seu afeto pela igreja de Colosso, e os elogia, mesmo que não os tenha conhecido diretamente, no entanto sabia de seu crescimento na esperança e no amor dado pelo Espírito. Nos versos 7 e 8, Paulo mostra que Epafras é um fiel colaborador do evangelho pregado pelos apóstolos, e por isso, os colossenses não devem ouvir aqueles que não são enviados pelos próprios apóstolos, pois a mensagem cristã estava ainda sendo estabelecida em uma Igreja recém nascida, e portanto, ouvir Epafras era como ouvir os próprios apóstolos, que edificavam os alicerces doutrinários (Ef 2:20, NVT).

O apóstolo, a partir do verso 9, passa a orar pelos colossenses, e nesta oração vemos Paulo atingindo cinco fundamentos dos falsos mestres, de modo que na oração, Paulo estabelece o contraste do ensinamento gnóstico:


1°. “Pleno conhecimento de sua vontade...” (v.9);

2°. “entendimento espiritual.” (v.9);

3°. “viverão de modo a sempre honrar e agradar ao Senhor...” (v.10);

4°. “dando todo tipo de bom fruto...” (v.10);

5°. “aprendendo a conhecer a Deus cada vez mais.” (v.10).

Cada ponto reflete um basilar da filosofia vazia dos hereges: 1°. Eles acreditavam que obtinham pleno conhecimento por meio de um transe, dado apenas a alguns intelectuais; 2°. o entendimento espiritual, igualmente, apenas recebido por alguns iniciados na seita; 3°. o conhecimento dos falsos mestres apenas honrava e agradava esta parcela “iluminada”, excluindo o restante da congregação; 4°. este conhecimento não dava nenhum tipo de bom fruto, pelo contrário (Cl 3:5-9); 5°. os “iluminados” não conheciam a Deus pois seu conhecimento não era aprendido do ensinamento dos apóstolos.

Com isso, não entende-se os apóstolos como os sacerdotes do Antigo Testamento, porém aprouve a Deus falar através deles inicialmente, de modo que Sua mensagem não pudesse ser comprometida, e portanto, após o Canon Bíblico estar completo, não houve mais a necessidade da autoridade apostólica em pessoas, porque Deus já anunciou Sua mensagem nas Escrituras inspiradas pelo Seu Espírito nos apóstolos. Imagine se todas as pessoas outorgasse para si a inspiração divina e escrevesse cartas para as Igrejas do primeiro século? A mensagem de Deus seria uma colcha de retalhos, e as igrejas poderiam acreditar em quem convinha mais à sua própria necessidade.

Nos versos 11 ao 14, Paulo orienta em oração atitudes práticas e afirma que quem participa da herança do Reino do Filho são capacitados por Deus, estes, por conseguinte, são parte do povo santo e verdadeiramente iluminados.


(v. 15 - 20) - Esta passagem tem um efeito literário semelhante a de um hino ou poesia, no entanto, precisamos olhar para ela como uma continuação do argumento paulino em refutar as ideias dos gnósticos (lê-se aqui os falsos mestres sincretistas). Esses majestosos versos são divididos em três estrofes, evidenciando didaticamente a cristologia paulina:


1° Estrofe (v. 15-16): três frases demonstram Cristo como Senhor da criação, e portanto, o legitima como soberano do universo. Cristo é a imagem do Deus invisível do Antigo Testamento, o mesmo de gênesis 1, criador de tudo. Tanto as coisas que podemos ver (material) e as que não podemos (espirituais), foram criadas por meio dEle. Isto faz de Cristo, Supremo sobre tudo e todos. Já que Cristo é Supremo, a Ele deve ser dada toda a adoração, e não aos anjos (Cl 2:18)

2° Estrofe (v. 17-18): Cristo mantêm tudo em harmonia e por meio dEle tudo subsiste. Cristo tem a preeminência em tudo, tanto da vida, quanto da ressureição. Ele foi o primeiro a existir e é o primogênito dos mortos. Assim, Ele é antes de tudo.

3° Estrofe (v. 19-20): Cristo é também, o agente de Deus que cumpri a missão de Deus em reconciliar a criação, isto é, o agente harmonizador da criação corrompida com o próprio Deus. Por meio de Cristo na cruz, foi apaziguado a inimizade do material com o espiritual, e portanto, Deus habita entre os homens na Igreja, ou seja, por meio de Seu povo. Ora, se toda a plenitude de Deus habita no Filho, Jesus era, então, totalmente Deus e totalmente homem, sendo assim, inseparavelmente um de outro em Sua própria natureza.

Semelhantemente, em Efésios 1:9-10, Paulo mostra esse Cristo Mediador, Aquele em que junta os Céus e a Terra, o material e o espiritual.


(v. 21 - 23) - Quando Paulo diz “Isto inclui vocês...”, mostrou aos colossenses que, como os gnósticos, também estavam separados de Deus por seus maus pensamentos e ações. E agora, porém, diferente dos gnósticos, foram reconciliados, podendo apresentar-se a Deus como santos, sem culpa e livres de acusação, contudo, esta reconciliação foi resultado da morte do Filho, e aqui, Paulo enfatiza que Cristo morreu fisicamente, com um corpo humano. Os maus pensamentos e ações é o ponto chave para entender esta parte, pelo fato de que o ensino gnóstico não resultava em bons pensamentos e ações, mas gerava pessoas imorais.

A referência ao corpo físico de Jesus ressalta Sua humanidade, enquanto o hino ressalta Sua divindade. Ou seja, Paulo dá os fundamentos teológicos para a cristologia. Para permanecer firmes com os bons pensamentos e ações, o apóstolo diz que é necessário continuar crendo nesta verdade, a saber, a preeminência de Cristo.


(v. 24 - 28) - Os versos seguintes vão nos mostrar que há uma aplicação prática nos ensinamentos cristológicos do apóstolo. E a finalidade deste maravilhoso conhecimento é para o aperfeiçoamento dos irmãos. A esperança que este ensinamento dá aos colossenses é o combustível para prosseguirem na caminhada cristã, isto é, ao passo que se conhece o Cristo em toda Sua magnitude, é gerado na Igreja a esperança de participar de Sua glória.

A fé sincrética dos gnósticos, então, perverteria a verdadeira mensagem do evangelho, pois colocaria pesados jugos sobre os crentes, gerando nos colossenses não esperança, mas desespero e imoralidade. Uma vez que é impossível cumprir todas as restrições que os gnósticos colocavam, os colossenses passariam a esmorecer na fé, visto que o verdadeiro cumprimento dos ritos está em Cristo, e nEle, portanto, está a verdadeira esperança e toda moral cristã.

A aplicação se dá, quando Paulo diz que se alegra no sofrimento para cumprir seu serviço à Igreja. Mesmo com o trabalho árduo do apóstolo, o conhecimento que Deus o revelou o fez prosseguir. Este segredo: que Cristo está em nós, e por isso nos dá esperança de participar de Sua glória, motiva a Igreja a permanecer firme em sua missão, já que o sofrimento e as aflições são minúsculas e não são páreas, ou seja, são infinitamente inferiores com a glória que será revelada (2Co 4:17). A glória de Cristo, portanto, é o destino da Igreja, e o combustível é o conhecimento sobre quem Jesus Cristo é. Logo, conhecer a Cristo é a nossa esperança.

O interessante nesta passagem é que este mistério estava oculto para o mundo, sendo revelado para o povo santo, e Paulo deixa claro que o mistério era pra ser conhecido também pelos gentios. Aqui, o apóstolo mais uma vez quebra a noção de exclusividade dos gnósticos, mostrando, então, que Deus não faz acepção de pessoas. Os gnósticos pensavam ser iluminados, e que os segredos do universo estavam com uma pequena parcela de intelectuais, mas Paulo quebra seus argumentos dizendo que Deus não escondeu o segredo em Si, mas expandiu-o, compartilhando para Sua Igreja, feita de judeus e gentios, isto é, de pessoas de todos os povos, línguas e nações, não fazendo nenhuma distinção. O primeiro capítulo de colossenses vai concluir, então, que Deus deseja que Jesus Cristo seja formado em todos os que o recebem.


No mundo da Internet, há diversos grupos e bolhas sociais, que por conta dos algoritmos, são apresentados a nós apenas conteúdos que passamos mais tempo consumindo. Ou seja, é muito comum consumirmos conteúdos específicos da própria web-bolha, gerando a falsa sensação de que estamos mais certos do que a bolha das outras pessoas.


Passe a refletir em como está seu tipo de conteúdo em seu meio social, e pense que, como cristão, você precisa receber o diferente. Observe também como você reage as opiniões contrárias. Pode ser que estejamos fazendo parte de grupos que considerem outros menos iluminados, e portanto, pra estes outros serem salvos precisam fazer parte de meu grupo.

Posts recentes

Ver tudo
Post: Blog2 Post
bottom of page