top of page

Colossenses 2 - A Suficiência da Obra da Cruz


(v. 1 - 5) - O apóstolo Paulo enfatizou na carta que queria que os colossenses e os laodissenses soubessem a luta que estava passando por eles, não por vã glória, mas para que saibam do iminente perigo que poderia alastrar na igreja desta nova filosofia. Esse proto-gnosticismo na região da Frígia era altamente excludente, sendo ainda mais perigoso que o que acontecia na igreja dos gálatas. Os falsos mestres da Galácia promoviam um ensino judaizante, de que para ser cristão era necessário a circuncisão, e portanto, ser um judeu para ser aceito por Deus. Isto, de fato, é excludente, pois retira a identidade cultural dos povos gentios, para que se encaixem no corpo de Cristo. No entanto, o ensino que estava se levantando na Ásia tinha o perigo de estabelecer um sentimento de rejeição da parte do próprio Deus, pelo fato de que, mesmo congregando, crendo no Senhor e participando da liturgia, apenas alguns “mais iluminados” poderiam ter o conhecimento que os aproximaria do divino. Por isso, Paulo, no verso 2, destaca três princípios do seu ensino que resultaria em segurança aos irmãos colossenses:


1°. Para que “eles sejam encorajados...”;

2°. “unidos por fortes laços de amor...”;

3°. “tenham plena certeza de que entendem o segredo de Deus, que é o próprio Cristo.”


Paulo escreveu, pela primeira vez, de forma explícita, sua oposição ao falso ensino. Ele demonstra uma preocupação pela vida dos colossenses, os alertando que sua carta é exclusivamente para que ninguém os enganasse com argumentos bem elaborados. Paulo se faz presente na congregação pela carta, mesmo preso. E o apóstolo ressalta sua alegria com a comunidade pela fé em Cristo dos colossenses estar forte, e apesar do levante do falso ensino, os irmãos de Colosso não se deixaram enganar. A carta, portanto, é mais uma prevenção do que uma correção para a Igreja, diferentemente da igreja dos gálatas, que o ensino judaizante já estava alastrado.


(v. 6 - 10) - A fé dos colossenses seria cada vez mais fortalecida se prosseguissem no conhecimento de quem Cristo é. Isto geraria neles sentimento de gratidão e faria com que as “filosofias vazias e invenções enganosas proveniente do raciocínio humano, com base nos princípios espirituais deste mundo...” (v. 8) não os escravizassem. Na teologia paulina podemos notar quais são esses tais “princípios/regras espirituais deste mundo”, sempre que este termo aparece em determinados contextos relacionado a receber, com a força do próprio braço, algo que apenas Deus realiza, por exemplo:


- Cl 2:20-23: “... em nada contribuem para vencer os desejos da natureza pecaminosa.”;

- Rm 10:2-4: “... apegam-se a seu próprio modo de se tornar justos tentando seguir a lei, e recusam a maneira de Deus.”; depois de dissertar por todo capítulo 10 e 11, o apóstolo inicia o 12 dizendo “Portanto...”, que é uma oração subordinada, isto é, para concluir algum argumento. E no verso 2, Paulo termina com “não imitem o comportamento e os costumes deste mundo”;

- Gl 4:3-10: “... éramos escravos dos princípios espirituais deste mundo.” (v.3), ou seja, buscávamos fazer algo para receber algum favor; “E uma vez que é filho, Deus o tornou herdeiro dele.” (v. 7b). Ora, um herdeiro não precisa fazer algo para receber algum favor, ele simplesmente recebe o favor. No verso 9, Paulo alerta, então, a não nos tornarmos escravos desses princípios do mundo novamente, e conclui: “Vocês insistem em guardar certos dias, meses, estações ou anos” (v.10), ou seja, os gálatas estavam voltando a prática de se justificar por seus próprios esforços.


Resume-se, portanto, o termo paulino de “princípios/regras/costumes espirituais deste mundo” como buscar mérito no favor divino ou conquistar salvação por meio de sua própria força. Isto, no entanto, é o extremo oposto da mensagem do evangelho. Paulo, então, novamente ressalta que os colossenses estão completos, não porque conquistaram sua própria salvação, mas porque em Cristo habita toda a plenitude de Deus, e apenas por estarem em Cristo, “o cabeça de todo governante e autoridade” (v. 10), a Igreja se conecta ao divino. O grande problema do “princípios espirituais deste mundo” é que busca reduzir o papel de Cristo como Mediador. É um sistema do inimigo que visa inculcar na mente humana de forma inconsciente a supervalorização do Ego, ou na hiper-individualização, potencializando a autonomia humana, ou seja, seu propósito é tentar colocar a obra de Cristo na cruz como insuficiente para pôr a humanidade em contato com Deus.

Repare que em gênesis 3, no relato da Queda, a serpente tenta a mulher à comer do fruto porque a partir disto, ela conheceria o bem e o mal como Deus. Portanto, satanás não buscou um tipo de adoração pra si, mas tentou potencializar no primeiro casal a sua autonomia e autossuficiência, gerando a tentação: “viu que a árvore era linda e que seu fruto parecia delicioso, e desejou a sabedoria que ele lhe daria” (v. 6).


(v. 11 - 15) - No verso 11, o apóstolo prossegue em seu argumento de que Deus executa Sua obra no cristão, que é através de uma circuncisão espiritual que o Senhor encerra a tirania do pecado. Foi removido, portanto, o domínio da natureza humana mediante a operação feita pelo próprio Deus. No 12, Paulo utiliza de outra metáfora, relembrando aos colossenses que foram batizados, mostrando assim, que foram sepultados com Cristo, e quem que teria poder para ressuscitar, senão o próprio Deus?

Nos versos seguintes, Paulo discorre sobre a magnífica suficiência da obra da cruz para a vida daquele que crê, e como este acontecimento resulta em novidade de vida, pois em Cristo, Deus perdoou todos os pecados dos irmãos colossenses. Paulo ressaltou, então, a teologia da cruz como ápice na carta para solucionar o problema que poderia surgir na Igreja. A comunhão com o divino foi estabelecida por meio da vitória da cruz, o batismo junto a fé ilustrou a entrada do cristão para esse novo estilo de vida, e a junção destes dois fatores, resultou na operação de Deus no coração humano, consertando o problema que a Queda trouxe: conhecer o divino por meio dos “princípios espirituais deste mundo.”


(v. 16 - 19) - Estes versos iniciam a conclusão do argumento apologético do apóstolo Paulo, a saber, seu argumento teológico da cruz. Aqui, ao contrário dos versos anteriores, ele vai expor o que os colossenses não devem fazer, uma vez que receberam a mensagem do evangelho, o batismo e adentraram no Reino do Filho, isto é, quando foram circuncisados espiritualmente. A cruz, portanto, não torna os crentes em pessoas legalistas, e aqui, Paulo dá uma lista de coisas que os gnósticos buscavam fazer para se aperfeiçoarem:


1°. Proibição de ingerir certos alimentos e bebidas (v. 16); os jejuns eram comuns nas religiões pagãs como um prelúdio para se receber uma revelação dos deuses. (Ralph P. Martin, p.100);

2°. Obrigação em celebrar as cerimônias a certos deuses (v. 16); neste ponto, no caso, é uma possível mistura do calendário judaico com ritos pagãos;

3°. Humildade fingida e na adoração de anjos (v. 18);


“Não aceitem a condenação daqueles...” (v. 18) - Paulo adverte aos colossenses para que não prestassem atenção aos falsos mestres que “ofereciam como substituto do seu evangelho um sistema de religião que era produto das suas próprias mente” (Martin, p.102). Estes gnósticos estavam com o entendimento obscurecido, e recusavam se submeter a revelação divina da suficiência da obra do Cristo. Eram soberbos pois desprezaram a maneira de Deus em conectar-se com o divino, e buscaram conexão pelos seus próprios costumes e cerimoniais religiosos.

Em consequência, Paulo, no verso 19, afirma que o que nutre o Corpo de Cristo é o próprio Deus, fazendo então, um contraste com os ritos cerimoniais que os gnósticos realizavam. Paulo usa de analogia do corpo humano, dizendo que o que conecta a Cabeça são as suas juntas e seus ligamentos. Ora, se os gnósticos são membros destacados do Corpo, não estão, portanto, sendo nutridos pela fonte vital, que é a Cabeça. Paulo está querendo dizer que: uma vez que o falso mestre cessa sua dependência da Cabeça, cessa de pertencer ao corpo. Aquele que se desvincula de Cristo como o centro da vida, desvincula-se também da Igreja. Vemos, então, o estreito vínculo de Cristo e Seu corpo. Aqueles que não se submetem ao ensino doutrinário da Igreja, baseada no ensinamento dos apóstolos, estão desligados da Igreja, já que a Cabeça e o corpo são um só.

Este argumento é um xeque-mate naqueles que buscam alastrar seu próprio conhecimento na Igreja, sem antes filtrar seus entendimentos pelo próprio Cristo, e o modo que se filtra o entendimento é sendo levado para a comunhão da Igreja, e esta analisará e responderá por meio da doutrina dos apóstolos (Novo Testamento) se o questionamento é válido ou não. Portanto, é primordial que a Igreja tenha zelo pelas Escrituras, pois é ali que os ensinos vão ser baseados ou confrontados.


(v. 20 - 23) - Cristo libertou-os dos princípios espirituais deste mundo, portanto, Paulo orienta a não seguirem as regras do mundo, que são: “Não mexa! Não prove! Não toque!”. O legalismo e a rigorosa abstenção podem parecer sábias, mas elas não atuam diretamente no problema da Queda: os desejos pecaminosos do coração. Logo, os princípios espirituais do mundo não contribuem para vencer o pecado, mas potencializa o desejo de pecar, pois ele estimula a ideia do homem achegar-se a Deus por seu próprio mérito, e isto resulta em regras e mais regras dando a falsa sensação de estar mais puro e santo.


A ideia de fazer obras para parecer mais santo é tentadora, contudo, como o apóstolo alertou, não contribuem para vencermos as tentações.


Peça ajuda ao Espírito Santo para Ele te dar o diagnóstico do seu coração, para que você seja alertado caso esteja fazendo obras buscando mérito diante de Deus. Jesus Cristo já cumpriu Sua obra de forma perfeita, e por isso, Ele já nos conectou. Assim, nos alegramos nos méritos de Cristo.

Posts recentes

Ver tudo
Post: Blog2 Post
bottom of page