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Colossenses 3 - Um Novo Estilo de Vida


(v. 1 - 4) - Depois de uma longa exposição da natureza de Jesus e de Sua obra como eficaz para salvar, o apóstolo Paulo, neste capítulo, vai instruir como deve ser a vida do cristão após nascer de novo. Aqui, basicamente, o apóstolo evidencia que basta ao nascido de novo pensar nas coisas do alto e manter os olhos fixos nesta realidade para estar em contato com Deus. E isto é um contraste, dado por Paulo, do que realmente nos impulsiona a vencer os desejos da natureza pecaminosa. Portanto, olhar para Cristo, que está a direita de Deus, criaria nos colossenses a verdadeira espiritualidade, pois conectaria ao divino e revelaria quem são de verdade. Paulo diz que a verdadeira vida está escondida com Cristo, ou seja, a maneira pela qual o cristão vive, se relaciona com o próximo e se conecta com Deus é por meio de Cristo e não cumprindo os rituais.

Paulo, mais uma vez, escreve sobre a esperança que vem de Cristo, quando diz que quando Ele for revelado, a Igreja participará de Sua glória.


(v. 5 - 11) - Da instrução doutrinária nos primeiros capítulos, Paulo, agora, muda o aspecto da carta para aplicação prática da vida da Igreja. E, do verso 5 ao 9, o apóstolo dá uma lista de pecados que a natureza pecaminosa deseja seguir, contudo, nos versos 10 até o final do capítulo, Paulo dá as instruções práticas para diversos aspectos da vida em comunhão, sobre perdão, unidade, liturgia de culto e até mesmo vida familiar. Estas virtudes cristãs é o que contrapõe os desejos que foram pervertidos na Queda.

A lista de pecados citada é relacionada às “coisas pecaminosas e terrenas”, sendo opostos às coisas santas e celestiais. No entanto, a palavra terrena aqui, não tem a ver com prazeres moderados e lícitos que a Bíblia não proíbe, mas este termo é associado com os desejos oriundos da Queda. Os prazeres foram criados por Deus para o deleite do ser humano, contudo, após a Queda, sofreram adaptações malignas, sendo distorcidos e potencializados para a maldade. O termo “façam morrer” ou “mortificai” é aplicado quando o cristão pensa nas coisas do alto, que é o modo de vida que santifica as paixões terrenas. Por exemplo: se na lista dos pecados Paulo fala da ira e raiva, ou seja, pecados que destroem as relações interpessoais, na lista das virtudes (v. 12), portanto, Paulo prescreve a mansidão e paciência, que são virtudes que geram pacificação de conflitos. As virtudes cristãs, então, serão meios de aliviar as tensões que a natureza pecaminosa gera em um ambiente.

No verso 6, Paulo diz que “por causa desses pecados que vem a ira de Deus”. Os pecados, portanto, são sempre geradores de conflitos entre os seres humanos, e a vontade de Deus é que Seus filhos vivam em paz uns com os outros. Acender a ira de Deus, porém, é o alerta vermelho de que uma comunidade está em plena desobediência à Sua vontade. E desobedecer à Sua vontade é viver de acordo com a antiga natureza. Então, o modo pelo qual o cristão agrada à vontade do Senhor é revestindo da natureza de Cristo, e isto criará um novo estilo de vida, pois à medida que conhece ao Criador, torna-se semelhante a Ele. É importante destacar que, diferente do estilo de vida dos gnósticos, nesta nova vida, Deus incluiu todos os povos, quem fazia parte da aliança ou não, e inclusive, incluiu os chamados bárbaros, pessoas totalmente diferente dos costumes gregos, isto é, o padrão da época.


(v. 12 - 17) - Entramos nas prescrições do apóstolo de como viver este novo estilo de vida. Ele inicia usando um termo muito utilizado no antigo testamento, que é Deus ter escolhido um povo para Si. E este povo tem características estabelecidas pelo próprio Deus. É um povo santo e amado, e portanto, deve ter um modo de agir diferente do que a natureza pecaminosa propõe. Revestir-se como cristão é buscar as virtudes listadas por Paulo, que são: compaixão; bondade; humildade; mansidão; paciência. Por meio de Cristo, Deus mostra suas características e virtudes que deseja que os Seus filhos imitem. Paulo buscou mostrar, portanto, o caráter divino como modelo sublime. Essas cinco virtudes certamente moldam o cristão à ser mais compreensivo com os outros e ensina a perdoar, pois todo o que crê foi perdoado pelo Senhor. Como também, ensina a trazer perfeita harmonia, pois todas essas virtudes tem como fundamento o amor. Paulo está ensinando aos colossenses a serem cristãos que gerenciem bem os conflitos, sendo assim, essas virtudes baseadas no amor resulta na paz de Cristo aos corações, e consequentemente, por cada membro do corpo seguir esses princípios, a Igreja viverá em paz.

No verso 15, comparando algumas traduções, o mais próximo seria usar a palavra 'juiz' ou 'árbitro' em vez de 'governe'. O que ficaria: "Que a paz de Cristo seja o juiz/árbitro em seu coração". Contudo, a tradução mais próxima ao original seria a ARA: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo;" . No texto grego, "seja o árbitro" é traduzido como o verbo βραβεύω (brabeúo), que teve origem nos árbitros dos jogos gregos, e eram os que decidiam quem levaria o prêmio. O significado é 'colocar ordem' ou 'controlar', e também 'harmonizar'. Com isso, vemos que o apóstolo propositalmente usou este termo para corrigir aos irmãos de colossenses para a verdadeira comunhão, pois "Sejam compreensivos uns com os outros e perdoem quem os ofender. Lembrem-se de que o Senhor os perdoou, de modo que vocês também devem perdoar. Acima de tudo, revistam-se do amor que une todos nós em perfeita harmonia" (v. 13-14). Nos versos 5 ao 9, os pecados listados geravam conflitos, por isso, Paulo se opõe com a lista das virtudes e, portanto, a paz deve governar, não em um sentido subjetivo, mas coletivo. Ou seja, nesse sentido, com a paz de Cristo sendo o árbitro no coração, os colossenses não deviam buscar uma paz interna para agir, mas buscar aquilo que melhor promove a paz entre a comunidade.

A paz que foi promovida pelas virtudes atua na liturgia do culto. A mensagem de Cristo preenche a vida e por isso, o cristão se torna apto para aconselhar e ensinar com sua própria vida. Paulo, aqui, estimula que os colossenses cantem a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais com o coração agradecido. E o culto ao Senhor deve ser feito por intermédio de Cristo. Este capítulo é um chamado de Paulo para uma vida em comunidade de forma sadia, no entanto, mesmo que seja possível fazer aplicações para a vida pessoal e privada, a motivação do apóstolo Paulo foi de conciliar os irmãos que poderiam se dividir por conta da seita que surgia. Paulo, então, foi categórico na carta em estabelecer a vida do cristão como uma vida em comunidade, que vive em conjunto, por meio do Corpo de Cristo, e não solitária.


(v. 18 - 4:1) - Agora, Paulo visa confrontar também o núcleo familiar, não que isto seja à parte da Igreja, pois a Igreja é feita de famílias. O apóstolo apontou os problemas que poderiam surgir na igreja colossense, e agora aponta os problemas que poderiam surgir no âmbito familiar proveniente da Queda, isto é, o problema do Ego. No âmbito familiar gerou, portanto, uma perversão em seus valores e uma potência para o mau nos atributos que são essenciais na humanidade, que estão descritos nos capítulos 3 e 4 do livro de Gênesis, que serão corrigidas por meio da palavra do apóstolo. Paulo ataca o que a Queda gerou e como isso pode ser redimido. Lembrando que os pecados gerados foi para a humanidade de modo geral e não para gêneros específicos, sendo aqui divididos por fins didáticos do apóstolo. Vamos por parte:


1. Esposa. Queda: desejo pela autossuficiência (Gn 3:6) — Consequência: vontade sujeita ao marido (Gn 3:16) — Redenção: submetendo-se voluntariamente (Cl 3:18);

2. Marido. Queda: transferência de culpa (Gn 3:12) — Consequência: autoridade sobrecarregada (Gn 3:17-18) — Redenção: amor sacrificial, não sendo violento (Cl 3:19);

3. Filhos. Queda: desobediência (Gn 4:7) — Consequência: viver sob o jugo dos pais (Ex’s: Histórias do Antigo Testamento) — Redenção: obedecer (Cl 3:20);

4. Pais. Queda: desejo pelo controle (Gn 1:28) — Consequência: rebeldia dos filhos — Redenção: não irritar aos filhos abusando da autoridade(Cl 3:21).


O apóstolo não tem nenhuma pretensão de fazer uma crítica ao sistema escravista da época, antes, se direciona para escravos cristãos. Não é do interesse de Paulo, neste momento, dar fim a um sistema específico, apesar de o cristianismo surgir com uma nova ética que livrou milhares de pessoas no mundo de vários tipos de opressão. Contudo, segundo alguns pensadores, estimular uma derrubada violenta da escravidão teria sido um suicídio frente a Roma, já que o cristianismo estava dando seus primeiros passos. Para W. Bousset:


O cristianismo teria afundado além de qualquer esperança de recuperação, juntamente com outras tentativas revolucionárias deste tipo; poderia ter provocado um novo levantamento dos escravos, e ter sido esmagado juntamente com ele. O tempo não estava propício para a solução de tais questões difíceis. (apud Martin, p.132)


Neste sentido, era um contexto diferente de quando John Wesley, fundador do Metodismo, foi um explícito abolicionista no século 19.

No âmbito da Igreja, escravos e livres eram um em Cristo, e portanto, o apóstolo está fazendo menção na carta apenas ao comportamento que um cristão deve ter: ser agradável não só quando visto, mas na ausência; servir temendo primeiramente ao Senhor; servir à Cristo lembrando sempre da esperança de participar da herança.

E por fim, Paulo apela aos senhores de escravos para que sejam justos e imparciais, lembrando que eles também tem um Senhor no céu, e portanto, mostra que aqueles que exercem função de autoridade sobre alguém não devem pesar desmedidamente sobre quem os servem.


Jesus disse que “Felizes são os pacificadores, porque serão chamados de filhos de Deus”. Vemos nesta lição que o Apóstolo Paulo buscou preservar a unidade da Igreja em Cristo, e portanto, mostrou as virtudes que cada cristão deve possuir, para que assim, seja alguém que promova a paz.


Ore ao Senhor e peça que Ele te guie para que onde estiver conflitos, você, como filho, seja um agente pacificador e solucione as tensões.

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