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Colossenses 4 - Virtudes Cristãs e Comunhão


(v. 2 - 4) - A versão NVT, traduz o verso 2 como “mente alerta”, contudo, é muito comum usarmos o termo “vigiar”, como traduzido na NAA: “Continuem a orar, vigiando em oração com ação de graças”. Esta prescrição do apóstolo Paulo lembra as mesmas palavras do Senhor Jesus, quando disse para os discípulos vigiarem e orarem (Mt 26:41). Jesus, quando disse isso aos discípulos, tinha o objetivo de alertá-los em relação a sonolência. A carne, Jesus disse, é fraca, isto é, ela pende sempre em ceder aos desejos, ela não é forte o suficiente para resistir a batalha que somente o Espírito vence.

O termo vigiando, usado pelo apóstolo, pode ter 3 interpretações diferentes: Paulo estaria simplesmente dizendo a posição de todo crente: ser vigilante para que continuem em oração? Ou está lembrando aos colossenses, semelhante a Jesus em Mateus 26, à vencerem a tendência a sonolência e não deixarem seus pensamentos vagarem quando em oração? Ou também – a que faz mais sentido por todo o contexto de esperança da carta – sua ideia pode abranger sobre a esperança escatológica? Os colossenses deveriam vigiar e estarem alertas na expectativa da vinda do Senhor; esta aplicação faz sentido com a questão da oração no verso 3: para que Paulo tenha oportunidade de falar acerca do segredo de Cristo, ou seja, a esperança da glória em que ele expôs no capítulo 1:27. A esperança da glória é o norteador de todo crente que aguarda esta promessa, gerando assim, virtudes que nos manterão firmes. Esta esperança escatológica é o que produz, portanto, a perseverança. Segundo o próprio apóstolo, esta perseverança é parte de um processo de ‘reações em cadeia’, isto é, virtudes que o cristão adquire por meio de inúmeros acontecimentos. Em romanos 5:3-4, Paulo diz para nos alegrarmos nas dificuldades e provações, pois elas produzem perseverança, que produz caráter aprovado, o que fortalece nossa esperança. O apóstolo diz isso em um contexto semelhante ao de colossenses de se ter esperança de participação da glória de Deus (Rm 5:2). Ainda no verso 3, o apóstolo diz que o motivo de estar preso é a pregação deste segredo a respeito de Cristo, ou seja, Paulo passou por essa ‘reação em cadeia’, contudo, o seu principal motivador era a contínua pregação deste segredo: Cristo em nós, a esperança da glória. A oração dos colossenses faria com que o apóstolo falasse a respeito da Mensagem com a clareza necessária.


(v. 5 - 6) - A ideia que o Apóstolo Paulo traz quando diz sobre as conversas serem amistosas é no sentido de temperança. Uma das alternativas que se dá para essa afirmativa está na nota de rodapé da tradução da NVT: "Que suas conversas sejam temperadas com sal", nos dando um princípio sobre a conduta cristã e seu tipo de personalidade. Essa ideia de sensatez, da fala agradável, isto é, no tempero certo e em amor, é o testemunho necessário para lidar com "os que são de fora", aproveitando bem todas as oportunidades para proclamação do evangelho.

Para os hebreus, o sal era um elemento purificador, símbolo da perenidade (eternidade) da aliança entre Deus e o povo de Israel. Era usado em diversas ocasiões na preparação para os holocaustos e rituais na Antiga Aliança. O sal tinha sua importância também para a vida dos religiosos que iam ao templo. Isto tem a ver com as palavras de Jesus quando diz que o sal para nada serve se estiver insípido, a não ser para ser pisado. Muitos não sabem, mas nas terras de Israel, em alguns períodos, o clima é tão frio que a neve dá suas aparições, tendo o pátio do templo coberto de branquidão das baixas temperaturas. E por questões de logística, o sal insípido, isto é, sem sabor, eram lançados ao chão do pátio para que o gelo não ficasse escorregadio. Por isto, Jesus remete àqueles que não dão sabor, ao seu único destino pós vida: ser pisado.

Portanto, o ensino de Paulo sobre as conversas serem amistosas e agradáveis está relacionado diretamente com uma virtude cristã primordial, isto é, algo que Jesus nos orientou a sermos: sal da Terra. Jesus trouxe a ideia e o Apóstolo Paulo conceituou. As virtudes cristãs, portanto, tem em si características perenes. Ora, se somos sal da Terra, isto é, o elemento que purifica, dá sabor e tempera, precisamos ser cristãos que carregam virtudes culturais do lugar eterno, a saber, conversas temperadas com sal.


(v. 7 - 15) - Nesta parte final da carta aos colossenses, Paulo dá instruções e saúda aos irmãos de Colossos em nome de vários colaboradores de seu ministério. Sendo um total de oito pessoas citadas, esta passagem nos ensina algo bastante precioso. O ministério do apóstolo só foi possível porque ele contava com a Igreja. Paulo pode ter o nome de destaque, todavia, a principal lição da carta é de que ninguém faz nada sozinho; todos precisam da Igreja; e todos são ligados uns aos outros por meio do Espírito Santo. O ensinamento sobre o Corpo de Cristo, de que cada um é uma parte essencial, é um fundamento que nos ensina a sermos humildes, e nunca arrogar autossuficiência. Os gnósticos que afirmavam serem iluminados à parte dos irmãos colossenses, foram duramente expostos por Paulo pelo fato, não somente da heresia, mas porque esta heresia era altamente excludente.

Perceba que, em cada lição desta matéria, foi-se direcionado à prática da unidade em Cristo. No primeiro capítulo, Paulo lançou o fundamento da unidade, que é Cristo como Senhor e Supremo. No segundo, o apóstolo atacou diretamente as aplicações equivocadas dos gnósticos, práticas estas que eram sectárias, mostrando que a cruz é a resposta para o legalismo. Na lição 3, nota-se a unidade pela perfeita harmonia do Corpo de Cristo. Embora se tenha aplicações individuais neste capítulo, a conclusão dele é a perseverança na comunhão da Igreja, sendo este um estilo de vida conquistado pela obra de Jesus. Por fim, o apóstolo destaca virtudes necessárias à evangelização, que por meio do pedido de Paulo por oração, a palavra continuou sendo proclamada. O apóstolo, então, encerra fazendo questão de citar cada irmão que o ajuda. E a ajuda destes, gera em Paulo grande conforto (v.11b). A motivação do serviço para o Reino deve, portanto, colaborar para a sustentação do outro; de promover bem-estar ao irmão que serve junto, e nunca desmotivação e peso; assim como Paulo ensinou a Tito: “Nosso povo deve aprender a fazer o bem ao suprir as necessidades urgentes de outros: assim, ninguém será improdutivo” (3:14), devemos fazer por nossos irmãos. Por isso, é de grande importância que estejamos atentos as escalas e programações da igreja, a fim de que não pese em meu irmão as responsabilidades que são de todos os que servem em uma localidade.


(v. 16 - 18) - Terminando a carta, Paulo instrui de que ela deveria ser enviada para Laodiceia, para que os irmãos de lá vigiassem quanto estas novas filosofias que pairavam sobre a região da Frígia, na Ásia. Do mesmo modo, a igreja da Laodiceia, enviaria a carta que foi lida lá. Existe, contudo, diversas teorias acerca desta carta perdida, que não acredito ter relevância para a lição, apenas de que Deus é soberano e os livros canonizados que conhecemos são os inspirados e nos guiam até Sua vinda.

No verso 17, apesar da carta ser coletiva, Paulo dá uma mensagem específica para Arquipo, que pertencia a casa de Filemom (Fm 2), possivelmente seu filho. Por receio da ameaça à igreja se estabelecer, e os colossenses estarem sem liderança por conta de Epafras estar preso com Paulo, a mensagem para Arquipo era para que ele assumisse interinamente o ministério em Colossos.

Paulo encerra a carta assinando de próprio punho. É um detalhe extremamente precioso de notar-se, pelo fato de geralmente Paulo fazer questão de mostrar que escreve quando quer expressar um iminente perigo ou que ama os leitores. Alguns comentaristas supunha que, por conta do trabalho de Paulo em fabricar tendas (Atos 18:3), o apóstolo tinha algum tipo de deficiência nas mãos e, demonstrar que ele mesmo escreveu a carta (ou pelo menos as saudações) é o que nivela a preocupação/amor pela igreja que a recebera. Por exemplo: como na igreja aos gálatas o ensino dos falsos mestres já estava em vigor por alguns irmãos, ele escreve: “Vejam com que letras grandes lhes escrevo, de próprio punho, estas palavras finais!” (Gl 6:11). Isto nos dá um indicativo de que expressar nas cartas que ele mesmo escreveu demonstrava algum tipo de questão para os leitores. Vide em Romanos que o apóstolo não escreveu a carta, mas, sim, Tércio. (Rm 16:21).

Por fim, Paulo lembra-os que está na prisão e pede a Deus que Sua graça esteja com os colossenses.


Deus nos ensinou através desta lição que a comunhão da Igreja deve produzir em nós leveza para o serviço cristão; não pesando o trabalho sobre poucos irmãos que se apresentam na seara.


“A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Orem ao Senhor da colheita; peçam que ele envie mais trabalhadores para seus campos.” (Lc 10:1-2)


Que possamos refletir se somos os que precisamos orar ao Senhor ou se somos os que precisam ser enviados para o trabalho.

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