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Filipenses 3 - Nada Mais que Cristo


Justiça da obra e da fé em Cristo

(v. 1 - 11) - Paulo estimulava aos filipenses a permanecerem alegres. E esta alegria vem por uma resposta ao que Cristo fez pela Igreja. Não nos alegramos por nossos feitos, nem em nossas obras, mas tudo o que fazemos é por meio do Espírito. Portanto, Paulo lembrou aos filipenses dessa alegria para protegê-los. Ou seja, a intenção do apóstolo era mostrar aos filipenses que não devemos nos orgulhar de nossos esforços, pois semelhante aos falsos mestres de gálatas, alguns buscavam impor a justificação pelas obras. No entanto, Paulo mostra que se alguém pudesse confiar nos próprios esforços, essa pessoa seria ele mesmo. A partir daí, ele lista diversas coisas que já fez quando seguia a risca a lei para ser justificado e sua trajetória como um fariseu aplicado.


1. circuncidado ao oitavo dia;

2. israelita de nascimento, da tribo de Benjamim;

3. fariseu extremamente obediente à lei judaica;

4. zeloso ao ponto de perseguir a Igreja;

5. em relação a justiça, cumpria a lei com todo rigor.


Paulo tinha todos os pré-requisitos para ser considerado alguém digno de se orgulhar de seus próprios esforços; e ainda mais, ele não só era parte do povo israelita, como cumpria todas as prescrições estabelecidas na palavra de Deus. Contudo, faltava uma única coisa: o chamado do Senhor Jesus colocando um coração novo em Paulo. Quando Cristo o chamou, ele largou tudo que considerava certo, e humildemente se colocou à disposição desse chamado divino.

Os mandamentos de Cristo são superiores, a aliança a partir de Cristo é superior. A Lei do Antigo Testamento serviu para guiar até Cristo (Gl 3:23-25), a partir disso, Cristo nos ensinou outro tipo de mandamento, superior ao Antigo e possível de realizá-lo apenas por meio do Espírito (Rm 8:4). Se na Lei do Antigo Testamento foi dito “não cometa adultério” (Ex 20:14; Dt 5:18), Jesus, porém, disse: “quem olhar para uma mulher com cobiça já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5:28). Paulo até pôde ser aplicado na lei judaica e ter se esforçado para cumprir os requisitos, contudo, na lei de Cristo, só é possível cumprir com o coração transformado pelo Espírito Santo. E por isso, o motivo de nossa alegria é em saber que não depende de nossos esforços, mas da contínua atuação de Deus em nosso coração para sermos transformados. Desta forma, a salvação é possível pelo fato de Deus estar desenvolvendo ela em nós, à medida em que nos relacionamos com Ele.

A grande questão não era, portanto, de que Paulo cumpria ou não a Lei, mas que sua motivação em cumpri-las não glorificava a Deus. Ser zeloso pela Lei o fazia perseguir cristãos, no entanto, a própria Lei ensina sobre misericórdia e graça. Deus se mostrava misericordioso e gracioso mesmo na Lei. Leiamos apenas um exemplo:


“Quando fizerem a colheita de sua terra, não colham as espigas nos cantos dos campos nem apanhem aquilo que os ceifeiros deixarem cair. O mesmo se aplica à colheita da uva. Não cortem até o último cacho de cada videira nem apanhem as uvas que caírem no chão. Deixem-nas para os pobres e estrangeiros que vivem entre vocês. Eu sou o Senhor, seu Deus. (Levítico 19:9-10)


Jesus é a exata expressão de quem Deus é (Hb 1:3), e Ele veio não apenas para mostrar como a tradição de sua época interpretou a Lei equivocadamente, sem misericórdia com o próximo, mas veio dar a interpretação correta de quem Ele é. E após a descida do Espírito Santo, Ele se revela a cada dia mais sobre quem Ele é. O apóstolo Paulo, portanto, mostra aos filipenses sua máxima: “Não conto mais com minha própria justiça, que vem da obediência à lei, mas sim com a justiça que vem pela fé em Cristo, pois é com base na fé que Deus nos declara justos.” (v.9)

Novamente Paulo traz o termo “sofrer por ele” (explicado na Lição 2), estando no contexto de participar da morte de Jesus para experimentar a ressureição. Anular a vontade da carne para seguir os mandamentos de Jesus é a morte que devemos participar, para assim, experimentarmos de Sua ressureição, isto é, um corpo glorificado que aniquilará todo sofrimento da carne.


Continue caminhando

(v. 12 - 16) - Mesmo Paulo, o cristão mais fervoroso que se passou pela Terra, não estava plenamente perfeito. Ele continuou caminhando para se encontrar com esta perfeição pela qual Cristo o conquistou. Deus nos chamou à perfeição, contudo, nós não conhecemos ainda como seremos, apenas quando estarmos com Cristo face a face (1Jo 3:2). Desta forma, o apóstolo fala sobre si, de que se concentra em se manter no caminho para receber este prêmio celestial.

Todos que estão maduros concordam que não são perfeitos, e gradativamente, enquanto se caminha, aprendemos a ser semelhantes ao Senhor Jesus até o dia em que Ele completará a obra em nós. Paulo diz que, se alguém não concorda com esse argumento, confia que Deus os esclarecerá, ou seja, o Espírito revelará o quanto o cristão precisa ainda ser transformado, e reconhecer isso é sinal de maturidade para o apóstolo. Ele termina dizendo que, mesmo que tais irmãos não tenham chegado a essa maturidade, que ande, então, de forma coerente com o que já aprendeu, isto é, nunca retrocedendo na caminhada.


(v. 17 - 21) - Paulo conclama aos filipenses para que sigam seu exemplo, como também dos que são exemplos, como Timóteo e Epafrodito. O chamado ao discipulado de Cristo se dá não apenas em relacionamento direto com Deus, mas na imitação daqueles que imitam a Cristo. O desejo de Deus é que Seus filhos sejam parecidos com Jesus, o primogênito. E portanto, alguns irmãos são mais maduros que outros, e a forma que um irmão recém convertido aprende é olhando para aqueles que imitam a Cristo a mais tempo, desta forma, os filipenses seriam edificados a partir do testemunho cristão de cada irmão que imitasse o apóstolo, pois obviamente, não imitariam o apóstolo por quem ele é, mas por quem ele imita.

A preocupação de Paulo era que os filipenses seguissem o exemplo de homens que, por suas condutas, mostraram ser inimigos da cruz de Cristo. Paulo narrou esta parte com lágrimas nos olhos, pois seu amor pela Igreja de Cristo era acima de qualquer paixão terrena. O ensinamento de se orgulhar de seus esforços que os falsos mestres se vangloriavam os constituiu, para Paulo, inimigos da cruz, devido a esse ensino negar a suficiência da obra redentora. Como em gálatas, buscavam acrescentar na cruz suas próprias obras, para assim, serem considerados justos. Para Paulo, isso é pensar apenas na vida terrena, mostrando assim, que não tem os olhos voltados para o céu, que é da onde Cristo virá. O que Paulo mostrou com isso foi que, nada mais que Cristo é o suficiente para termos esperança de um dia sermos plenamente perfeitos.

Filipos era uma colônia romana, era um local distante da capital, contudo, ainda era Roma e pertencente ao imperador, e portanto, as leis estabelecidas em Filipos eram romanas, bem como sua cultura. Então, semelhante a isso, vivemos em um lugar que fisicamente está longe do céu, no entanto, a cidadania dos filipenses vinha de lá, e Paulo os motivou a aguardarem ansiosamente a volta do Salvador deste lugar celestial. Nosso frágil corpo mortal será como o de Cristo, e esse poder que O ressuscitou, será o mesmo que fará com que todas as coisas sejam submetidas ao Seu domínio. Sendo assim, vivemos o governo celestial, juntamente com suas leis e governança, todavia, também devemos aguardar por esse governo celestial que um dia virá fisicamente, e a partir daí “ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” (Fp 2:10-11). Este é o fim/início da História.


Será que não estamos nos apegando demais em nossos próprios esforços? Será que estamos sabendo viver pelo Espírito? Começamos pelo Espírito e será que estamos desenvolvendo nossa caminhada orgulhosos das obras que praticamos?


Que não sejamos imaturos ao ponto de acreditar que já estamos plenamente perfeitos, mas que o relacionamento com Deus venha nos alertar que precisamos ser cada vez mais dependentes do Senhor.

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