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Gálatas 1 - Paulo em defesa do Evangelho

Atualizado: 9 de fev. de 2023


O primeiro capítulo da epístola Paulo identifica o problema central nas igrejas da Galácia. Diferentemente de sua saudação em outras cartas, nesta, Paulo busca enaltecer seu ministério, de forma a mostrar para os cristãos que lá estavam, que seu apostolado é legítimo.


(v. 1-2) "Eu, Paulo, apóstolo, nomeado não por um grupo de pessoas, nem por alguma autoridade humana, mas pelo próprio Jesus Cristo e por Deus, o Pai, que ressuscitou Jesus dos mortos, escrevo esta carta, com todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia."


Esta saudação é uma forma de atestar, por meio do chamado de Jesus Cristo, que foi ressuscitado pelo Deus Pai, o seu ministério, dando autoridade ao seu ensino como uma mensagem apostólica. Paulo atenta aos leitores que ele foi nomeado apóstolo não por homens, mas pelo próprio Jesus. Qual era a importância dessa admoestação? Ora, a mensagem de Cristo foi dada aos Seus discípulos, para que estes proclamassem e, sendo Paulo, um apóstolo que não andou com o Jesus encarnado, alguns descredibilizavam a sua mensagem. Daí a necessidade de Paulo relembrar o seu chamado sobrenatural e extraordinário, validando a autoridade de sua mensagem como apóstolo, escrevendo a carta "[...] com todos os irmãos que estão comigo [...]".


(v. 3-5) "Que Deus, o Pai, e nosso Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz. Jesus entregou sua vida por nossos pecados, a fim de nos resgatar deste mundo mau, conforme Deus, nosso Pai, havia planejado. Toda a glória a Deus para todo o sempre! Amém."


Nestes versos, o apóstolo contesta a mensagem do tal "outro evangelho" que estava sendo ensinado aos gálatas. Aqui ele diz que Deus Pai e o Senhor Jesus lhes deem graça e paz. Esta saudação no meio cristão é mais profundo do que podemos imaginar. Rotineiramente quando encontramos irmãos em Cristo pelas ruas os cumprimentamos com "graça e paz" ou "Paz do Senhor", e Paulo ao saudar desta forma mostra aos gálatas que apenas através de Cristo recebemos graça, isto é, por meio da graça de Deus fomos perdoados, o que não depende de esforços humanos e nem observações da lei, mas apenas recebendo o favor de Deus por meio de Jesus Cristo é que somos salvos. A paz na saudação remete a um contraponto em nossa antiga vida, que éramos inimigos de Deus e por isso não havia paz entre nossa consciência e a santidade de Deus. O único que nos dá a plena paz e que desfaz a inimizade entre os nossos pecados e Deus é Jesus Cristo, o divino homem. Esta saudação foi pertinente pois a mensagem da graça estava comprometida e a paz corria perigo.

"[...] Toda a glória a Deus para todo o sempre! Amém.". Isto mostra que não devemos nos gloriar por nossos esforços para nos tornarmos justos, que são como trapos imundos (Is 64:6), mas glorificar o único que poderia fazer algo para nos justificar.


(v. 6-7) "Admiro-me que vocês estejam se afastando tão depressa daquele que os chamou para si por meio da graça de Cristo. Vocês estão seguindo um caminho diferente que se faz passar pelas boas-novas, mas que não são boas-novas de maneira nenhuma. Estão sendo perturbados por aqueles que distorcem deliberadamente as boas-novas de Cristo."


Os irmãos da Galácia estavam sendo "perturbados" por falsos mestres que tinham conhecimento do verdadeiro evangelho, contudo, preferiam distorcer a mensagem de que Cristo os chamou por meio da graça e lhes imputar o jugo da lei para salvação. Com isto, os que ouviam estes falsos mestres estavam seguindo um caminho diferente do Evangelho.


(v. 8-10) "Que seja amaldiçoado qualquer um, incluindo nós, ou mesmo um anjo do céu, que anunciar boas-novas diferentes das que nós lhes anunciamos. Repito o que disse antes: se alguém anunciar boas-novas diferentes das que vocês receberam, que seja amaldiçoado. Acaso estou tentando conquistar a aprovação das pessoas? Ou será que procuro a aprovação de Deus? Se meu objetivo fosse agradar as pessoas, não seria servo de Cristo."


Paulo confronta diretamente qualquer outra mensagem diferente da que ele pregou quando fundou as igrejas da Galácia. Qualquer pessoa, incluindo ele ou qualquer outro apóstolo, que anunciasse outra mensagem daquela que ele anunciou primeiramente deveria ser amaldiçoado. O Apóstolo estava sendo acusado de querer agradar aos homens com sua mensagem, mas o que acontecia era justamente o contrário, pois Paulo que sofria perseguições (Capítulo 6:17). Paulo diz que, antes de querer aprovação de alguém, primeiro que sirva a Cristo. Isto é, se a mensagem do Evangelho é a verdade de Deus, que ninguém se ofenda.


(v. 11-12) "Irmãos, quero que vocês entendam que a mensagem das boas-novas por mim anunciada não provém do raciocínio humano. Não a recebi de fonte humana, e ninguém a ensinou a mim. Ao contrário, eu a recebi por revelação de Jesus Cristo."


Apesar de estarem caminhando erradamente, Paulo os chama de irmãos, pois se há algum vestígio de aparente reconciliação, devemos buscar corrigir em amor os irmãos que estão sendo enganados. No entanto, os falsos mestres não tem o mesmo tratamento, pelo fato de estarem deliberadamente desviando a igreja. Estes já blasfemaram e, semelhante aos de Éfesios (1Tim 1:19-20), satanás já os controlava e sua fé já havia naufragado.

A mensagem que Paulo anunciava não era mero raciocínio humano, mas foi revelado por meio de Jesus Cristo. Paulo não era a fonte da mensagem, mas instrumento para que a mensagem fosse anunciada. Isto se dá pela autoridade apostólica. Para esta mensagem ser genuína era necessário que Paulo fosse apóstolo, e só eram apóstolos os que foram chamados diretamente por Jesus. A partir do verso 13, Paulo conta sua história como evidência do seu argumento e mostra que tinha autoridade como Apóstolo, pois todos sabiam como tinha sido sua conversão, onde o próprio Jesus apareceu para ele.


(v. 13-24) "Vocês sabem como eu era quando seguia a religião judaica, como perseguia com violência a igreja de Deus. Não media esforços para destruí-la. Superava a muitos dos judeus de minha geração, sendo extremamente zeloso pelas tradições de meus antepassados.

Contudo, ainda antes de eu nascer, Deus me escolheu e me chamou por sua graça. Foi do agrado dele revelar seu Filho a mim, para que eu o anunciasse aos gentios.

Quando isso aconteceu, não consultei ser humano algum. Tampouco subi a Jerusalém para pedir o conselho daqueles que eram apóstolos antes de mim. Em vez disso, fui à Arábia e depois voltei à cidade de Damasco.

Então, passados três anos, fui a Jerusalém para conhecer Pedro, com quem permaneci quinze dias. O único outro apóstolo que vi naquela ocasião foi Tiago, irmão do Senhor. Afirmo diante de Deus que o que lhes escrevo não é mentira.

Depois disso, fui às províncias da Síria e da Cilícia. As igrejas em Cristo que estão na Judeia ainda não me conheciam pessoalmente. Sabiam apenas o que as pessoas diziam: “Aquele que nos perseguia agora anuncia a mesma fé que antes tentava destruir”. E louvavam a Deus por minha causa."


Pela sua fama como perseguidor da Igreja de Deus e de como era zeloso pela religião e a tradição judaica, só um encontro radical com Jesus o faria mudar o caminho. Para os judeus, o cristianismo era só mais uma seita que se levantava dentro da religião judaica, e pela devoção que Paulo mostrava era impossível ele se converter por um mero raciocínio humano. Todavia, sua explicação está em sua chamada quando ainda estava no ventre de sua mãe, o que nos mostra como a graça de Deus o alcançou, e que antes mesmo de quaisquer atos Deus o escolheu para anunciar a mensagem aos gentios. Com isto, Paulo dá o mérito de sua conversão toda a Deus, mostrando que não haveria nenhuma vantagem para o Apóstolo de querer corrigir a Igreja, mas o estava fazendo por obediência ao Senhor e a Sua mensagem. Paulo prova que tem autoridade como Apóstolo, evidenciando que quando se converteu não esteve em Jerusalém com os Apóstolos para ser aconselhado, contudo, depois de três anos na Arábia, foi a Jerusalém conhecer Pedro e conheceu também Tiago, que foi irmão do Senhor. Paulo mostra que não conhecia os irmãos da Judeia pessoalmente, ficando claro de que não foi discípulo dos Apóstolos, mas foi chamado para ser Apóstolo com a mesma autoridade dos outros.


Conclusão "Bíblia de Estudo da Reforma"

A saudação de Paulo antecipa o argumento central da carta. De acordo com a vontade de seu Pai, Cristo entregou a si mesmo por causa de nossos pecados e nos libertou deste mundo perverso; portanto, obras da lei não são necessárias para a salvação. O ensino que compromete esta verdade central acaba por retirar de Deus a devida glória e afastar de nós a verdadeira paz, pois Deus traz paz verdadeira ao nosso coração por meio do perdão dos pecados. (v.1-5)

Esta carta não começa com uma expressão de ação de graças, mas com um duro aviso contra o abandono daquele que é o único evangelho verdadeiro. Quem quer que falsifique o evangelho de Cristo está sob a ira de Deus. O evangelho, por meio do qual Deus nos chama para sermos dele, proclama a graça de Deus em Cristo. (v. 6-10)

Apontando acontecimentos-chave da sua história de vida, Paulo prova que seu apostolado vem de Deus, independente de fontes humanas. Hoje, inimigos da Igreja de Deus continuam a questionar a origem divina da mensagem cristã, provocando dúvidas e confusão entre muitos que creem em Cristo. Assim como Deus chamou Paulo "pela sua graça", assim ele agora busca mudar corações por meio das boas-novas de seu Filho. (v. 11-24).

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